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Como os Médicos, Máquinas e Modelos de Negócio Estão Redesenhando o Setor em 2025 (e em 2026, 2027, 2028...)

Atualizado: 29 de jul.

Há uma revolução acontecendo na saúde — e ela não vem somente dos corredores dos hospitais ou das salas das universidades.


Inegavelmente a fusão entre a medicina, a inteligência artificial, o empreendedorismo e a tecnologia está transformando, confundindo, as vezes bagunçando as fronteiras, sem ninguém ter certeza de qual será, se é que há, a configuração certa.


Em 2025, o que está em jogo não é apenas inovação — é um redesenho quase completo de papéis, carreiras e estruturas. O médico não é mais apenas o clínico: é executivo, fundador, líder. Essa virada assusta a alguns, que temem a obsolescência em um sistema que talvez exija mais do que diploma.


Não há necessariamente certo ou errado aqui, mas um olhar atento que aponte as direções que hoje se manifestam. Um exemplo do que falamos está em um report que já ganhou contorno de um clássico: o CNBC Disruptor 50.


A 13ª edição colocou o dedo nessa mudança, destacando startups de saúde que estão remodelando o ecossistema. Mas os sinais vão muito além do Vale do Silício. Eles estão em clínicas, universidades, conselhos profissionais e em consultórios pressionados por demandas impossíveis.


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Do jaleco ao CNPJ: a transformação da identidade médica


Historicamente, a medicina foi uma carreira marcada por estabilidade, prestígio e prática clínica direta. Mas essa narrativa parece passar por uma desconstrução — não por desilusão, mas por excesso.

Burnout, pressão administrativa, perda de autonomia e a expansão dos dados e da IA criaram um campo de ação: o da liderança médica com visão de negócio, e muita gente vem aderindo a esse novo mantra.


Médicos estão deixando o consultório para fundar healthtechs, assumir cargos em big techs, liderar hospitais como CEOs, ou até mesmo empreender em educação e inovação. Esse movimento, entretanto, é complexo. Não basta ter boa vontade ou um CRM. É preciso aprender a gerir, a vender, a planejar, a falhar — e a recomeçar.


A sereia do empreendedorismo: oportunidades e armadilhas


Sabemos, por experiência própria, que muitos profissionais são seduzidos por uma promessa de autonomia e impacto ao empreender. Na Rocktebase estamos nesse processo de orientação há bastante tempo. 


Mas o caminho não é reto. A maioria das startups médicas falha por:

  • Falta de capacitação em gestão e mercado;

  • Desconhecimento sobre regulação e viabilidade técnica;

  • Isolamento de habilidades (times compostos apenas por médicos);

  • Falta de conexão com as reais dores do sistema.


Empreender na saúde exige mais do que ideias. Exige ecossistema, mentoria, humildade e tempo — ativos escassos para quem ainda atua em turnos hospitalares exaustivos.


Por isso (e não por uma modinha ou buzzword) entendemos que a tríade de processos, pessoal e tech pode fazer toda a diferença na hora de pôr em pé e executar aquela visão. Nesse sentido é que, de volta ao report da CNBC, as empresas da área da saúde que são marcadas como disruptivas tem uma certa similaridade em alguns pilares. 


Dá uma olhada:

A tríade que está moldando o setor


1. IA como copiloto clínico

Empresas como Rad AI e Abridge estão resolvendo um problema objetivo: o tempo desperdiçado com tarefas administrativas. Elas usam IA para automatizar relatórios médicos, liberar tempo de consulta e reduzir o burnout. A mensagem é clara: a IA não substitui, complementa.


2. Modelos full-stack com IA no centro

Startups como Formation Bio, Iambic e ElevateBio estão reformulando a forma como se cria e distribui medicamentos. Em vez de melhorar partes do processo, elas constroem infraestruturas integradas com IA desde o zero — do laboratório à entrega.


3. Monitoramento contínuo e dados comportamentais

Empresas como ŌURA, Virta Health e Transcarent operam na interseção de biotecnologia, comportamento e ciência de dados. A proposta: acompanhar o paciente fora do hospital, o tempo todo, antecipando doenças e promovendo saúde como estilo de vida, não como reação a crises.


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Tá Bom, Mas E o papel dos médicos nisso tudo?


Do clínico ao estrategista

A medicina não precisa deixar de ser apaixonante. 


Tampouco essa é uma chamada ao abandono do clinicar. Mas o médico de 2025 precisa também estar preparado para ser intérprete de dados, condutor de times multidisciplinares, analista crítico de tecnologia e parceiro de IA. Isso exige reaprender, colaborar e comunicar. O diferencial não está mais somente no conhecimento técnico, mas na capacidade de orquestrar soluções complexas com empatia e visão.


A virada de carreira é real — mas exige preparo

A transição de médico para executivo é um desafio emocional e prático.


Há um artigo muito bom do Dr. Gasparetto no LinkedIN onde ele mostra como abandonar a carreira puramente médica envolve romper com uma identidade consolidada, assumir incertezas e buscar apoio fora da bolha médica. Muitos médicos temem falhar não por falta de talento, mas por não saberem navegar o novo idioma da gestão e da inovação.


E os investidores?

Para quem financia esse ecossistema, a grande sacada é que as healthtechs com maior potencial não operam em bolhas. Elas criam pontes com operadoras, clínicas, farmacêuticas, governos. O futuro não está nas ideias solitárias, mas nas soluções que dialogam com os gargalos reais da saúde.


O Que Isso Muda Para Você — Agora?

De novo voltando à nossa realidade diária, a Rocket tem algumas crenças que talvezfaçam sentido para você também. São pequenos conselhos que se postos em prática de maneira sistemática tendem a aliviar inseguranças e aportar uma bússola em tempos revoltos.


Se você é médico:

  • Sugerimos que aprenda a trabalhar com dados e IA como ferramentas clínicas reais – elas funcionam;

  • Dá trabalho mas é essencial que você desenvolva habilidades em comunicação, gestão de pessoas e visão de produto;

  • E escolha bem seus parceiros: empreender é coletivo, não solitário.


Se você é executivo:

  • Pare de lançar apps isolados e comece a construir ecossistemas – o valor da parceria mais que duplica o resultado médio cortando o esforço pela metade;

  • Priorize confiança, interoperabilidade e soluções com valor clínico mensurável;

  • Busque médicos com visão estratégica — eles são ponte com o sistema.


Se você é investidor:

  • Valorize startups com DNA clínico, mas governança sólida;

  • Foque em soluções que resolvem problemas estruturais — não apenas user-friendly (isso definitivamente não vale o investimento);

  • Mapeie parcerias com universidades, SUS, hospitais e operadoras.


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Conclusão: não é mais tendência — é realidade


A medicina, como carreira e como sistema, está em transformação irreversível. Os profissionais que entenderem isso muito provavelmente vão liderar esses novos cenários.


Seja pela inovação tecnológica, pela liderança clínica ou pela construção de negócios escaláveis, o futuro de quem consegue unir ciência, empatia, dados e estratégia parece ser mais ameno e divertido.


E se afirmação for:  não é “se” a mudança vai acontecer, bom aí a pergunta é: que papel você vai escolher nela?

 

Anna Flavia Ribeiro & Paulo Crepaldi


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